domingo, 28 de fevereiro de 2010

Seminário para o Associativismo III Associativismo e Democracia Participativa

ÁGUEDA 26-2-2010
Promovido pela D'Orfeu e Camara Municipal de Águeda
Orientadores :
Rui D'Espiney (ICE ) e Miguel Torres (ACERT) (dirigentes associativos de duas associações promotoras do Movimento pelo Associativismo e Democracia Participativa)
Participantes: 51 pessoas de cerca de 20 associações
O debate decorreu em torno de cinco questões chave:
O que se entende por democracia participativa?
Que relações entre a democracia participativa e democracia representativa?
O que é o Associativismo Cidadão?
Quando é que este é uma componente da democracia participativa?
Como promover a defesa da sustentabilidade económica do associativismo, enquanto condição necessária ao funcionamento da democracia como um todo ?
Ponto de partida para a reflexão:
As desigualdades que se manifestam na nossa sociedade, e o papel determinante que cabe às associações na inversão desta realidade:
As desigualdades entre os cidadãos: não se limitam a questões económicas, são também desigualdades no acesso ao exercício da cidadania do poder.
“O mais trágico da pobreza não é ao falta de teto ou comida é o resultado que produz na auto-estima das pessoas” (Madre Teresa de Calcutá) ... e desta auto-estima (auto-estigma) criada pela pobreza resulta a descrença da possibilidade/utilidade da participação.
As desigualdades entre os dois pilares da democracia, isto é, entre a democracia representativa e a democracia participativa : embora contempladas com dignidade igual na constituição, a primeira é financiada na propaganda, nos funcionários, nas actividades, nos eleitos... enquanto a segunda não é financiada de maneira nenhuma. Os próprio financiamento dos projectos, quando existe, exclui o funciona da associação que lhe dá vida... e as associações ainda têm de carregar o estigma da subsideodependencia. Será a democracia representativa considerada subsideodependente?
democracia participativa?
Democracia? É o poder partilhado. Democracia participativa ? O poder partilhado que se exerce ( enquanto a democracia representativa é o poder partilhado que se delega). As pessoas encontram-se em torno de incómodos, de desejos, de gostos, de projectos... democracia participativa: forma de poder em que pessoas ou grupos participam num objectivo partilhado, /e conseguem colocar na agenda pública assuntos ou questões que preocupam o grupo – de forma a influenciar decisãos políticas Combate às desigualdades do exercício de poder
Associativismo Cidadão?
associações enquanto escolas de cidadania: através do convívio entre gerações, do trabalho em grupo, em equipa... da partilha do sonho, do projecto... do respeito pelo outro, pelo da minha equipa ou pelo adversário... Como se desconstroi o perfil de “ser mandado”? Se temos capacidade para fazer coisas isso muda a nossa personalidade... a maioria dos dirigentes associativos de hoje formou-se como cidadão participativo no seu percurso associativo desde criança ou jovem. Enquanto escolas de cidadania as Associações são, a longo prazo, factor de coesão social .
relação entre associação e população: necessidade de informalizar;clareza de objectivos visibilidade dos mesmos para o público/transparencia/abertura do espaço público/ousar transmitir ideias novas A relação é mútua: há a participação que a associação que provoca na comunidade X mas também a comunidade gera participação na associação. Pedagogia da escuta.
Quando é que o Associativismo Cidadão é Democracia Participativa?
È necessário transcender os seus limites locais...colocar na agenda pública os temas do grupo – influenciar decisãos políticas É necessário descobrir os novos espaços/ ferramentas de expressão de cidadania Construir redes... Um projecto para a cidade?para a região? Causas partilhadas/Visibilidade Partilhar poder pressupõe prescindir de uma parte do meu poder para dar os outros, e construir o meu poder em função do poder do outro.Ao promover a associação do Outro promovemos a nossa; e necessário compreender que poder partilhado é poder fortalecido. As associações são formas organizados de democra participativa quando são elas próprias de espaços de aprendizagem/ construção de cidadania. E também promotoras de cidadania. Quando assumem a preocupação, a batalha, da formação cidadã -do cidadão que participa, intervem, que se sente incomodado com as injustiças e é capaz de se projectar para o futuro na construção de futuros alternativos.
democracia participativa e democracia representativa?
Como é que a democracia representativa e participativa se podem articular dentro de uma associação? A assembleia geral como espaço de participação é suficiente? A participação mais activa é bem vista? Necessidade de eliminar a hierquização na capacidade de transmitir ideias novas... A historia do associativismo é a história da construção de cidadãos... a democracia representativa tem de espelhar esta nova pratica de poder dos novos cidadaos.
E não esquecer:
Que este Workshop se insere no Movimento do Associativismo e Democracia Participativa...
Que já aderiram mais de 100 associações
Que se prevê a realização de um Congresso em Novembro 2010
Que se pretende dignificar /requalificar /fazer reconhecer o
papel do Associativismo na construção de cidadão participativos/factor de coesão social Que se pretende dignificar /requalificar /fazer reconhecer a Democracia Participativa enquanto sustetáculo da Democracia, a par com a Democracia Representativa.
Que se apresentará um Caderno Revindicativo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Zetovarinho: Zetovarinho: III Seminário para o Associativismo: Associativismo e Democracia Participativa - ÁGUEDA

Zetovarinho: Zetovarinho: III Seminário para o Associativismo: Associativismo e Democracia Participativa - ÁGUEDA

Zetovarinho: III Seminário para o Associativismo: Associativismo e Democracia Participativa - ÁGUEDA

Zetovarinho: III Seminário para o Associativismo: Associativismo e Democracia Participativa - ÁGUEDA http://pachadrom.blogspot.com/2009/07/o-formulario-a39.html

Construção de um Pensamento Estratégico (síntese elaborada pelo Rui D'Espiney)

SINTESE DA INTEREQUIPAS DE AZARUJA
“Para a Construção de Um Pensamento Estratégico”
17 e 18 de Julho de 2009
(versão curta)
1.Em retiro, num agradável e acolhedor hotel rural situado em Azaruja, realizou-se, mais uma Interequipas em que participaram, como habitualmente colaboradores do ICE, técnicos de autarquias e de associações de desenvolvimento, profissionais de saúde, professores e animadores de projectos provenientes de vários pontos do país.
A lotação das instalações ditou que não se pudessem ir além dos 40 participantes.
2.Em cada um dos dois dias em que decorreu o Encontro debateu-se um tema:
- O exercício da cidadania em tempos de autocracismo e de burocratismo das instituições;
- A construção de um pensamento estratégico para a intervenção em bairros periféricos urbanos (em contra ponto ou continuidade com a intervenção em meio rural destruturado).
3.Duas experiências trazidas por convidados induziram a problematização de cada um dos temas
Em relação ao primeiro tema serviram de mote:
- O trabalho de consciencialização politica desenvolvido na Alemanha designadamente no âmbito da educação, descrito por Christian Ernst da associação Zeitpfeil;
- Uma reflexão sobre a tendência para o agencialismo de muitas associações e o contra ponto que pode constituir o lançamento de um movimento em torno da afirmação da Democracia Participativa, feita por Carmo Bica, da ADRL.
Em relação ao segundo tema:
- Irene Santos falou da interacção com comunidades/angolanas e cabo-verdianas levada a cabo pelo Moinho da Juventude no Bairro da Cova da Moura, dando conta do esforço realizado em ordem à reconstrução das suas identidades.
- Mirna Montenegro referiu-se à sua experiência de trabalho com comunidades e bairros periféricos, apresentando algumas estratégias que considera pertinentes (desocultação deliders, criação de redes nomeadamente para o combate ao fechamento das instituições, etc).
4.O aprofundamento do primeiro tema, realizado em grupo, traduziu-se numa grande diversidade de considerações de que se destacam, entre outras que se poderiam enumerar:
- A tónica a pôr na politica, enquanto expressão do nosso sentimento de incomodidade perante as injustiças;
- A importância de se criarem e multiplicarem espaços de debate e reflexão que ajudem as pessoas (os profissionais) a vencer medos e a produzir estratégias;
- O imperativo de se recorrer a uma multiplicidade de metodologias e estratégias para se conseguir implicar as pessoas (pedagogia do superavit, fazer do obstáculo um recurso, etc.);
- A necessidade de se reforçar a capacidade argumentativa no confronto com as instituições.
Em aberto ficaram várias questões de que sobressai, talvez, a formulada em torno da preocupação de se assegurar a continuidade dos processos quanto os projectos chegam ao seu termo, por força do fim dos respectivos financiamento.
5. Da reflexão produzida pelos grupos retiraram-se, em plenário, algumas conclusões/recomendações:
- A importância de se investir na organização e mobilização dos que incomodam;
- A necessidade de tecer redes Interpessoais nos interstícios das instituições,
- A obrigatoriedade de se trabalhar a promoção da cidadania também em relação a nós próprios e não apenas em intenção aos públicos a que nos dirigimos.
- O imperativo de se resistir à “formatação A4”, expressão usada para caracterizar o peso da burocracia traduzido pelos financiamentos e que entrava a acção dos intervenientes.
6.O aprofundamento do segundo tema, também realizado em grupo, conduziu a um conjunto de questionamento e/ou linhas estratégicas de acção que se organizaram em torno de itens propostos em Plenário; no inicio da reflexão, sob a forma de desafios feitos por Rui d’Espiney.
A saber:
Características das Periferias Urbanas
- Não há uma característica, há muitas variantes. Só no terreno é que caracterizamos o local, e mesmo assim não é uma fotografia estática, devemos perceber dinâmicas, códigos e evolução. O mosaico intercultural pode servir de ponto de partida;
- Existência de várias exclusões;
- Não está em causa a localização geográfica mas a exclusão;
- Relações de vizinhança fortes sublinhadas na relação com o exterior;
- As relações de poder internas vêm da necessidade de afirmar o grupo de pertença.
Obstáculos
- Os caciques (quem se mobiliza, “quem representa”) que vêem o exterior como ameaça;
- As políticas de financiamento;
- Olhar a partir das nossas próprias referências;
- Falta de projectos de vida. É obstáculo mas pode ter potencial uma vez que daí se pode partir para uma intervenção;
- Metodologia do “penso rápido” (resposta ao imediato); - Obstáculos relacionados com a articulação dos vários intervenientes e os seus vários mandatos e quadros de referencia.
O Que Pretendemos?
- Qualificação
- Capacitação
- Autonomização
- Emancipação
Perfil do Animador
(sem filhos, não dorme, não come, toma várias caixas de prozac )
- Adquirir confiança;
- Saber Identificar mediador/descodificador de código interno e externo;
- Saber colocar-se ao dispor do outro;
- Deixar-se mudar sem se deixar assimilar;
- Autenticidade na relação;
- Gerir expectativas para não defraudar;
- Gerir eventuais dependências;
- Encarar o outro como emancipado e não como aquele que pretendemos antecipar;
- Partir da sua singularidade;
- “Invententorismo”;
- Abertos à diferença/valorizar potenciais;
- Ser apaixonado/contaminante;
- Descodificar relações de poder e geri-las;
- Conhecer as culturas e fazê-las afirmarem-se e desenvolver;
Estratégias
- Os processos tem de ser construídos com as pessoas;
- Navegação à vista – consoante os tempos e os imprevistos;
- Associativismo.
7.A reflexão dos grupos fechou-se com uma devolução realizada por Fernando Ilídio que, para além de relevar a sua riqueza, terminou alertando para a necessidade de se evitar paternalismos na intervenção, de se dar protagonismo às crianças, de se contrapor, a um pensamento dicotómico, um pensamento reticular.
8. A terminar definiram-se três linhas de pensamento que Rui d’Espiney retirou da reflexão produzida pela Interequipas
1 - Assumir a necessidade de pôr a política no centro das preocupações (cidadania política);
2 - Nova afirmação da democracia participativa;
3 - Trabalharmos para a centralidade do periférico (tratar o outro como emancipado – olhar o periférico como um cadinho de projectos próprios a serem desenvolvidos).
9. O Encontro foi apoiado pela Fundação Ebert que esteve presente através do seu representante em Portugal Reinhard Naumann, o qual nas intervenções que fez na abertura e encerramento, sublinhou a importância de iniciativas como as que o ICE realiza orientadas para a emancipação das pessoas e para a promoção da autonomia no seio das instituições no quadro de uma sociedade civil que se mostra frágil.

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