Síntese de ideias e desafios
resultantes das sessões descentralizadas
(Estas
ideias e desafios resultaram das sessões descentralizadas realizadas em 12
aldeias. Não são ideias e desafios comuns às sessões descentralizadas, mas
sim  a listagem do que observámos.)
1. Factores de desenvolvimento das
aldeias identificados nas sessões      
1.1. O ponto de partida
Os projetos/processos tiveram geralmente origem numa pessoa, ou num
conjunto muito reduzido de pessoas, que identificou necessidades numa
comunidade.
A identificação das necessidades resultou:        
●     
de um
estudo que abrangeu a aldeia, elaborado por uma ADL, serviço público ou câmara
municipal
●     
da
vivência na sua aldeia             
●     
de um
problema/necessidade pessoal                                    
●     
de uma
ideia inovadora a partir de um centro de investigação
●     
da
percepção de uma oportunidade para a dinamização da aldeia (financiamento
através de fundos comunitários ou outros)
●     
de um
plano estratégico para a freguesia elaborado localmente
A motivação que dá início ao projeto /processo é muito forte. Esta
motivação é capaz de dar a volta às contrariedades igualmente fortes. É
resiliente. “Contagiou” outras pessoas provocando expectativas muito positivas.
O que dá origem à motivação inicial é:
●     
Responder
a necessidades dos idosos 
●     
Mudar
a situação de carência generalizada na aldeia  
●     
Organizar
respostas para crianças com deficiência        
●      Criar emprego
●      Colmatar a ausência de respostas sociais e
de serviços públicos
●     
Aceder
a competências técnicas inexistentes
●     
Dinamizar
a economia local e fixar população
Os projetos/processos tiveram início com “o que estava à mão”:
●     
edifícios,
públicos ou privados, abandonados e degradados     
●     
terrenos
oferecidos ou emprestados
●     
residência
da promotora 
●     
património
familiar
Elementos do perfil das pessoas que deram início aos
projetos/processos:
●     
“sonhadoras”
●     
persistentes
e resilientes
●     
com
competências ao nível da animação
●     
capacidade
de relacionamento com organismos públicos e privados, conhecendo o seu modo de
funcionamento
●     
não se
inibem por agirem de forma diferente, sendo mesmo “rebeldes”, “remando contra a
maré”
●     
experiência
de intervenção na sociedade, desde o movimento associativo à intervenção social
●     
grande
capacidade de trabalho
●     
capacidade
de liderança
●     
valorizam
o trabalho em comunidade e em equipa
●     
acreditam
que o seu trabalho é um contributo para uma sociedade mais justa
1.2. O desenrolar do Projeto/ Processo 
A existência de uma estratégia do projeto/processo participada pela
comunidade local, permite:       
●     
que a
comunidade saiba o que se deseja atingir               
●     
dar
sentido ao conjunto das iniciativas
●     
que se
possa aproveitar diferentes apoios financeiros, técnicos e logísticos
integrando-os numa Estratégia ou Plano de Desenvolvimento Local
●     
a
articulação entre diferentes projetos/processos locais            
●     
a
elaboração de um Plano de Desenvolvimento Local  integrando e articulando os/as cidadãos/ãs e organizações locais 
●     
mobilizar
a comunidade local para …
●     
facilitar
o dialogar com os diversos níveis da administração pública
●     
comunicar
mais eficiente e eficazmente com o exterior da comunidade
●     
sentir
que o projeto da aldeia é parte  e
integra a dinâmica concelhia ou nacional
Os projetos/processos
recorreram a diversos  tipos de
apoio, públicos ou privados, locais, nacionais ou da União europeia:
●      financeiros
●      patrimoniais: oferta ou empréstimo de
terrenos, edifícios
●      técnicos: elaboração de candidaturas,
destacamento temporário de um técnico, aconselhamento e informação, etc
●      económicos: aluguer de espaços, contributo
para a comercialização de produtos locais
Corresponderam
melhor  às necessidades dos projetos das Aldeias
visitadas os apoios das entidades/programas que tinham:
●      um perfil intersectorial
●      uma visão integrada do desenvolvimento
local
●      possibilidade de articular ações materiais
e imateriais
●      proximidade territorial com a entidade
apoiada
●      abertura às dinâmicas e contingências dos
projetos
●      “cumplicidade” com os projetos apoiados
●      menor complexidade burocrática
●      apoios que correspondam aos “timings” e
perfis dos projetos apoiados
●      modos de funcionamento interno em que os técnicos de ligação aos projetos
apoiados tinham autonomia e liberdade para se deslocarem ao terreno
Como bons exemplos de
apoios aos Projetos das Aldeias identificaram-se:
●      Programa Integrar
●      Programa LEADER
A intervenção da
comunidade local, cidadãos/ãs e organizações, no projeto/processo:
●     
participando
no projeto/processo: “estamos todos no mesmo barco”
●     
apoiando
o projeto sentindo que é da sua aldeia
●     
vendo
resultados a comunidade oferece casas e terrenos
●     
comunicação,
interação, transparência, credibilização, resultados, com articulação com
associações/autarquias da mesma comunidade
1.3. Desenvolvimento alcançado
Tipos de resultados
verificados nas Aldeias visitadas:
●     
animação de processos comunitários locais
●     
criação de novos serviços locais
●     
impedimento, mesmo que temporariamente, do encerramento de
serviços públicos
●     
recuperação e revitalização de saberes tradicionais
●     
valorização da Aldeia 
●     
criação de espectativas positivas 
●     
ambiente inclusivo para os cidadãos e cidadãs: idosos e
idosas, pessoas portadores de deficiência, pessoas em situação de pobreza, etc
●     
melhoria das competências dos cidadãos
●     
a integração cidadã dos membros da comunidade
●     
criação de novas organizações locais: cooperativas,
fundações, empresas
●     
nova visibilidade da aldeia
●     
criação de emprego
●     
valorização da criatividade e inovação
●     
motivação e mobilização local da comunidade para a
participação na resposta aos problemas locais
●     
aumento da autoestima e confiança da comunidade local
●     
contrariar a tendência de perda populacional
●     
associação articulando os diversos actores
locais, económicos e culturais, para divulgação do território
2. Desafios para os diversos agentes
2.1. Desafios para os/as cidadãos/ãs
residentes nas aldeias
●     
A
vontade de mudar, de realizar, de empreender, quando partilhada com outros
cidadãos ganha mais força, ganha num novo ânimo
●     
Exercer
o direito e o dever de cidadania e participação na vida da sua aldeia
●     
A
capacidade dos cidadãos de participação e mudança sai reforçada com o seu
desenvolvimento através de processos interativos de formação/educação/ação
●     
A
interação com cidadãos e organizações, locais ou exteriores à comunidade,
favorece a mobilização de recursos  e de apoios.
●     
A criação de associações valoriza e fortalece  a inciativa dos cidadãos e cidadãs
2.2. Desafios para as Associações e
Autarquias
●     
Promover
“reuniões” de formação/ação nas aldeias para práticas associativas, conscientização da realidade e dinâmicas
locais e glocais a partir da
observação, interpretação e compreensão da realidade local
●     
Elaboração
de estratégias e planos de desenvolvimento
e participados pelas comunidades locais
●     
Apoio
e animação do movimento associativo das Aldeias, acompanhado de apoio técnico e
formação
●     
Promover
a troca de experiências com outras aldeias e realidades       
●     
Desburocratizar,
simplificar o acesso aos serviços locais            
●     
Abertura
à inovação
●     
Promover
a democracia local e transparência na gestão
pública 
●     
O CLAS e articulação concelhia intersectorial cria sinergias
locais reforçando a iniciativa de cada agente
●     
Promover, apoiar e dar prioridade às inciativas de economia
social
2.3. Desafios para os organismos públicos,
nacionais e europeus                  
●     
Escola
mais aberta à inovação, criatividade, educação para a iniciativa, cidadania e
realidade local
●     
Apoio
ao associativismo, nomeadamente juvenil
●     
Apoio
às dinâmicas locais com os serviços públicos mais abertos à inovação e
criatividade
●     
Favorecer
e apoiar o intercâmbio de experiências locais no país e na Europa
●     
Desenvolvimento
de programas interministeriais
●     
Possibilitar
o financiamento plurifundos
●     
Combater
a discricionariedade nos serviços públicos, diminuindo a burocracia e
simplificando as regras/procedimentos
