domingo, 28 de abril de 2013

Síntese de ideias e desafios resultantes das sessões descentralizadas

(Estas ideias e desafios resultaram das sessões descentralizadas realizadas em 12 aldeias. Não são ideias e desafios comuns às sessões descentralizadas, mas sim  a listagem do que observámos.)

1. Factores de desenvolvimento das aldeias identificados nas sessões     

1.1. O ponto de partida

Os projetos/processos tiveram geralmente origem numa pessoa, ou num conjunto muito reduzido de pessoas, que identificou necessidades numa comunidade.

A identificação das necessidades resultou:       
      de um estudo que abrangeu a aldeia, elaborado por uma ADL, serviço público ou câmara municipal
      da vivência na sua aldeia            
      de um problema/necessidade pessoal                                   
      de uma ideia inovadora a partir de um centro de investigação
      da percepção de uma oportunidade para a dinamização da aldeia (financiamento através de fundos comunitários ou outros)
      de um plano estratégico para a freguesia elaborado localmente

A motivação que dá início ao projeto /processo é muito forte. Esta motivação é capaz de dar a volta às contrariedades igualmente fortes. É resiliente. “Contagiou” outras pessoas provocando expectativas muito positivas.

O que dá origem à motivação inicial é:
      Responder a necessidades dos idosos
      Mudar a situação de carência generalizada na aldeia 
      Organizar respostas para crianças com deficiência       
      Criar emprego
      Colmatar a ausência de respostas sociais e de serviços públicos
      Aceder a competências técnicas inexistentes
      Dinamizar a economia local e fixar população

Os projetos/processos tiveram início com “o que estava à mão”:
      edifícios, públicos ou privados, abandonados e degradados    
      terrenos oferecidos ou emprestados
      residência da promotora
      património familiar

Elementos do perfil das pessoas que deram início aos projetos/processos:
      “sonhadoras”
      persistentes e resilientes
      com competências ao nível da animação
      capacidade de relacionamento com organismos públicos e privados, conhecendo o seu modo de funcionamento
      não se inibem por agirem de forma diferente, sendo mesmo “rebeldes”, “remando contra a maré”
      experiência de intervenção na sociedade, desde o movimento associativo à intervenção social
      grande capacidade de trabalho
      capacidade de liderança
      valorizam o trabalho em comunidade e em equipa
      acreditam que o seu trabalho é um contributo para uma sociedade mais justa

1.2. O desenrolar do Projeto/ Processo

A existência de uma estratégia do projeto/processo participada pela comunidade local, permite:      
      que a comunidade saiba o que se deseja atingir              
      dar sentido ao conjunto das iniciativas
      que se possa aproveitar diferentes apoios financeiros, técnicos e logísticos integrando-os numa Estratégia ou Plano de Desenvolvimento Local
      a articulação entre diferentes projetos/processos locais           
      a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Local integrando e articulando os/as cidadãos/ãs e organizações locais
      mobilizar a comunidade local para …
      facilitar o dialogar com os diversos níveis da administração pública
      comunicar mais eficiente e eficazmente com o exterior da comunidade
      sentir que o projeto da aldeia é parte  e integra a dinâmica concelhia ou nacional

Os projetos/processos recorreram a diversos  tipos de apoio, públicos ou privados, locais, nacionais ou da União europeia:
      financeiros
      patrimoniais: oferta ou empréstimo de terrenos, edifícios
      técnicos: elaboração de candidaturas, destacamento temporário de um técnico, aconselhamento e informação, etc
      económicos: aluguer de espaços, contributo para a comercialização de produtos locais

Corresponderam melhor  às necessidades dos projetos das Aldeias visitadas os apoios das entidades/programas que tinham:
      um perfil intersectorial
      uma visão integrada do desenvolvimento local
      possibilidade de articular ações materiais e imateriais
      proximidade territorial com a entidade apoiada
      abertura às dinâmicas e contingências dos projetos
      “cumplicidade” com os projetos apoiados
      menor complexidade burocrática
      apoios que correspondam aos “timings” e perfis dos projetos apoiados
      modos de funcionamento interno em que os técnicos de ligação aos projetos apoiados tinham autonomia e liberdade para se deslocarem ao terreno

Como bons exemplos de apoios aos Projetos das Aldeias identificaram-se:
      Programa Integrar
      Programa LEADER

A intervenção da comunidade local, cidadãos/ãs e organizações, no projeto/processo:
      participando no projeto/processo: “estamos todos no mesmo barco”
      apoiando o projeto sentindo que é da sua aldeia
      vendo resultados a comunidade oferece casas e terrenos
      comunicação, interação, transparência, credibilização, resultados, com articulação com associações/autarquias da mesma comunidade

1.3. Desenvolvimento alcançado

Tipos de resultados verificados nas Aldeias visitadas:
      animação de processos comunitários locais
      criação de novos serviços locais
      impedimento, mesmo que temporariamente, do encerramento de serviços públicos
      recuperação e revitalização de saberes tradicionais
      valorização da Aldeia
      criação de espectativas positivas
      ambiente inclusivo para os cidadãos e cidadãs: idosos e idosas, pessoas portadores de deficiência, pessoas em situação de pobreza, etc
      melhoria das competências dos cidadãos
      a integração cidadã dos membros da comunidade
      criação de novas organizações locais: cooperativas, fundações, empresas
      nova visibilidade da aldeia
      criação de emprego
      valorização da criatividade e inovação
      motivação e mobilização local da comunidade para a participação na resposta aos problemas locais
      aumento da autoestima e confiança da comunidade local
      contrariar a tendência de perda populacional
      associação articulando os diversos actores locais, económicos e culturais, para divulgação do território

2. Desafios para os diversos agentes

2.1. Desafios para os/as cidadãos/ãs residentes nas aldeias
      A vontade de mudar, de realizar, de empreender, quando partilhada com outros cidadãos ganha mais força, ganha num novo ânimo
      Exercer o direito e o dever de cidadania e participação na vida da sua aldeia
      A capacidade dos cidadãos de participação e mudança sai reforçada com o seu desenvolvimento através de processos interativos de formação/educação/ação
      A interação com cidadãos e organizações, locais ou exteriores à comunidade, favorece a mobilização de recursos  e de apoios.
      A criação de associações valoriza e fortalece  a inciativa dos cidadãos e cidadãs

2.2. Desafios para as Associações e Autarquias
      Promover “reuniões” de formação/ação nas aldeias para práticas associativas, conscientização da realidade e dinâmicas locais e glocais a partir da observação, interpretação e compreensão da realidade local
      Elaboração de estratégias e planos de desenvolvimento e participados pelas comunidades locais
      Apoio e animação do movimento associativo das Aldeias, acompanhado de apoio técnico e formação
      Promover a troca de experiências com outras aldeias e realidades      
      Desburocratizar, simplificar o acesso aos serviços locais           
      Abertura à inovação
      Promover a democracia local e transparência na gestão pública
      O CLAS e articulação concelhia intersectorial cria sinergias locais reforçando a iniciativa de cada agente
      Promover, apoiar e dar prioridade às inciativas de economia social

2.3. Desafios para os organismos públicos, nacionais e europeus                 
      Escola mais aberta à inovação, criatividade, educação para a iniciativa, cidadania e realidade local
      Apoio ao associativismo, nomeadamente juvenil
      Apoio às dinâmicas locais com os serviços públicos mais abertos à inovação e criatividade
      Favorecer e apoiar o intercâmbio de experiências locais no país e na Europa
      Desenvolvimento de programas interministeriais
      Possibilitar o financiamento plurifundos
      Combater a discricionariedade nos serviços públicos, diminuindo a burocracia e simplificando as regras/procedimentos

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