sexta-feira, 25 de maio de 2007

baixas fraudalentas

Sobre o artigo do Diário Económico de 22/5/2007, pgs 11/12 intitulado "Cortadas 15 000 baixas fraudulentas" ( http://pt.cision.com/online/oo/OOtiffpdf/2007522238298504262.pdf ): " Dizem que a estatística é como os biquínis, esconde o essencial. Mas às vezes não é bem assim. Vejam esta questão que surge no artigo do DE acerca das «baixas u»: «quase 107 mil baixas por doença, sendo a maioria (64 690) atribuída a mulheres. Segundo dados da Segurança Social, a maior parte dos beneficiários de subsídeos de doença (cerca de 14.700) tinha em Abril idades compreendidas entre 50 e 54 anos.» Como é que vocês explicam isto? ao chegar aos 50 as mulheres (e os homens) tornam-se mandriões e fraudulentos? Pois eu conto-vos como é que acontece. Trabalho em Águeda, uma zona caracterizada pela pululação de pequenas empresas, onde ainda há bem poucos anos o desemprego era mitológico. Naturalmente, a oferta de emprego fácil atraía miúdos para quem a escola era uma chatice e uma frustração, facilmente trocável por um ordenado e estatuto de adulto. Operários não diferenciados ganhando o dia a dia em troca da força física, nas fábricas de tijolo ou, geralmente em melhores condições mas ainda à base de força física, na metalurgia. Aos 40 anos, mais marcadamente nas mulheres, começam as algias daqui e dali, os «não aguentar o ritmo» uma ou outra baixa curta com forte penalização económica, mais uns comprimidos e umas injecções e vai-se aguentando. Aos 50 estão arrumadas, impossível aguentar o ritmo numa cadeia de produção que não permite atrasos. São um estorvo, como os encarregados não se escusam de explicitar em piropos: «pensas que estamos aqui a alimentar mandriões?» «achas que estás numa instituição de caridade»? » «se não podes trabalhar vai para casa!» . Vêem ter connosco, lavadas em lágrimas, destruídas por dentro e por fora, ficam de baixa. São chamadas a uma junta médica, são de novo insultadas e maltratadas (e nós também, embora não estejamos lá para ouvir) e cortam-lhes a baixa. Onde está a fraude? Bem sei que a despropósito, mas não me saem da cabeça aqueles versos do «D. Jaime»: «Mentis, Senhor D Alcaide, mentis, senhor D. Vilão! El-Rei de Castela é nobre, não manda insultar um velho. Pode mandá-lo ser pobre. Matá-lo à mingua de pão. Mas mandar que um pai entregue o seu próprio filho, isso não!» Bolas! Fraudulenta? eu? Maria José Tovar (médica de família)

1 comentário:

Laurentina disse...

Isto só lá vai á força de bomba...!!!

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