terça-feira, 21 de agosto de 2007

Família culpa médico por morte de parente

Família culpa médico por morte de parente Historial de problemas cardíacos Nuno Miguel Ropio "Omeu marido foi obrigado pelo médico da junta médica a trabalhar até morrer. Tanto que se queixou, no último mês de vida, da injustiça que lhe fizeram". As palavras emocionadas de Maria Deolinda Ferreira apenas são interrompidas pela revolta do filho e restantes familiares que, na pequena sala da habitação em Foros de Salvaterra (Salvaterra de Magos), a ajudam a ultrapassar a dor causada pelo falecimento do marido Manuel Ferreira, aos 60 anos. A família enlutada apresentou, há dias, uma queixa à Direcção - -Geral de Saúde (DGS) contra J.S.M., o médico responsável pela junta médica a que o sexagenário foi submetido a 13 de Abril, nas instalações da Casa do Povo em Foros, e que recusou a continuação da baixa ou a passagem à reforma de Manuel Ferreira. "Mulher, hoje é dia 13 de Abril, dia do meu azar. O médico cavou a minha sepultura", foram as palavras de Manuel Ferreira nessa data, relembra a viúva. Condutor de autocarros de aluguer de passageiros, a vítima debatia-se há sete anos com graves problemas cardíacos, como atestam os diversos exames clínicos e diversas baixas sucessivas (ver caixa). Após vários meses de repouso, o homem regressou contrariado ao trabalho no dia 17 de Abril. "No dia 13 foi à junta médica e o dr. J.S.M. disse-lhe que estava em condições de voltar ao trabalho", explica Carlos Ferreira. O sexagenário renovou a carta de condução e voltou a conduzir. "Umas vezes não tinha força para regressar a casa e puxar o volante, outras ficava com o autocarro parado e mandava o filho ir buscá-lo. Já andava a tomar comprimidos de hora a hora em vez de três por dia", relembra Maria Deolinda. A viúva garante que, a 23 de Maio, o marido voltou a ter problemas cardíacos. "Às 14 horas pediu para lhe levar mais comprimidos porque não aguentava com dores mas que tinha de trabalhar. Não havia ninguém para o substituir". E Manuel Ferreira continuou ao serviço até que veio a falecer, em 25 de Maio. "Fui logo ter com o médico. Mandou-me aguardar até atender 70 pessoas em quatro horas. Perguntei-lhe, depois, por que tinha mandado o meu pai trabalhar. Respondeu-me que a culpa é do sistema', relembra o filho. Que sistema? "Disse-me que nas reuniões com as chefias pedem aos médicos que diminuam ao máximo dar reformas ou a continuação de baixas", acrescenta. O médico alvo das acusações recusou prestar qualquer esclarecimento sobre as acusações da família Ferreira. Ao JN, via Sub- -Região da Segurança Social de Santarém - que contratou para as suas juntas médicas o clínico, que apenas pratica medicina no trabalho -, J.S.M. declinou explicar quais os critérios utilizados na avaliação de Manuel Ferreira. O historial clínico do sexagenário ficou marcado, principalmente, por problemas cardíacos. Em 2000, teve um primeiro enfarte, ficando internado no Hospital dos Covões, em Coimbra. "Nessa altura, quando veio de Coimbra, ele esteve de baixa quase nove meses. "Mas dois anos depois voltou a sofrer outro enfarte", salienta o filho, Carlos Ferreira. Manuel Ferreira foi ainda submetido a vários desentupimentos das artérias, a última a 16 de Agosto do ano passado. "Voltou a ter um enfarte nessa altura em 2006 e o médico no Hospital de Santa Marta disse-lhe que nunca mais poderia fazer desentupimentos e que se calhar era altura de se reformar", refere Maria Deolinda. Vigilância da floresta reforçada com cavalos Falta de respostas impede Roseta de completar plano PCP quer equipas de intervenção Vento forte descontrolou fogo que ameaçou pessoas e casas Gente Gira

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Folheto organizado por Teresa Almeida (C.S.Águeda)







- “Pega-me ao colo sempre que queiras. Não é possível estragares-me com mimos.”


- “Quando choro é porque preciso de alguma coisa. Não choro para te irritar”.


- “Se já fizeste tudo o que podias para que eu me calasse e eu continuo a chorar, pega-me simplesmente e conforta-me.”


- “Sorri para mim, ri-te, canta, embala-me, dança comigo ou fala-me suavemente. É assim que o nosso amor vai crescendo”.





Bibliografia: Direcção Geral de Saúde, Kid’s Health for parents, Public Health Agency of Canada.


Como comunicar com o meu bebé?


A comunicação de 1- 3 meses





























Promoção da Saúde Mental na Gravidez e 1ª Infância

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entro de Saúde de Águeda

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omo comunicar com o meu filho até aos 3 meses ?



Estes 1ºs meses são um tempo de grande excitação para os pais. Nesta altura, o bebé já reconhece a mãe e o pai, já ri e chora espontaneamente. A sua personalidade já começa a evidenciar-se, estando cada vez mais atento a tudo o que se passa à sua volta, tornando-se assim um membro activo da família.



Como é que o meu bebé comunica?


O choro, durante largos meses, vai continuar a ser o seu meio privilegiado de comunicação. Através dele, vai dar-lhe a entender se precisa de alguma coisa; poderá também chorar quando está a ser “bombardeado” por demasiados estímulos visuais e auditivos, o que o pode deixar confundido em relação ao mundo que o rodeia. Por vezes, também pode chorar sem nenhuma razão aparente. Tente não ficar muito ansiosa(o), se for este o caso, e não conseguir acalmá-lo.

O seu bebé, ao reconhecer o som da sua voz, poderá ficar

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mais calmo, sorrir, ou ficar excitado mexendo vivamente


As interacções que estabelecer, desde cedo, com o seu bebé vão permitir que ele cresça com um sentimento de segurança, confiança na relação com os outros e com curiosidade e desejo de explorar o mundo que o rodeia.





Devo ficar preocupada(o)?


Deverá falar com o seu médico se lhe parecer que o seu bebé chora durante demasiado tempo ou se o seu choro lhe parece esquisito. Ele poderá tranquilizá-la ou então encontrar alguma razão para que tal esteja a acontecer. A maior parte das vezes não se passa nada de errado e, ao ter a certeza que está tudo bem com o seu filho, isso pode ajudá-la a relaxar e a permanecer calma quando o bebé estiver inquieto.


A nível da comunicação, há algumas etapas que o seu bebé provavelmente irá atingir durante este período. Nesta idade, normalmente os bebés são capazes de:

- prestar atenção a caras novas e ao que está à sua volta;

- reagir a grandes barulhos;

- sorrir ao ouvir a voz dos pais;

- sorrir para outras pessoas (cerca dos 3 meses);

- galrear a partir dos 3 ou 4 meses.


Tenha sempre presente que os bebés, tal como as crianças, não se desenvolvem todos ao mesmo tempo. Normalmente não há nenhuma razão para preocupações mas é sempre bom ir falando com o seu médico, sobretudo se o seu bebé ainda não tiver atingido alguma destas etapas.


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chorar para descarregar algum excesso de energia. É comum que alguns bebés passem um período de inquietação ou “rabugice”, sempre à mesma hora da noite, geralmente a partir do meio da noite até ao amanhecer. Apesar de ser desagradável para todos, normalmente esta fase é ultrapassada em pouco tempo, geralmente a partir dos 3 meses. Há coisas que poderá tentar para acalmar o bebé. Alguns reagem bem ao movimento quando são embalados ou quando são passeados ao colo para trás e para a frente dentro do próprio quarto; outros, preferem determinados sons, tais como música calma ou o zumbido de um aspirador. Por vezes demora algum tempo até que os pais descubram o que é que conforta o seu bebé durante estes períodos especialmente stressantes.



Porque é importante estabelecer uma boa comunicação com o bebé?


Cientistas têm demons- trado que uma comunicação adequada entre pais–criança e uma relação forte e positiva da criança aos pais (vinculação), são factores determinantes para o desenvolvimento psíquico e social da criança. Sabe-se hoje que uma ligação precoce da mãe ao bebé vai influenciar o seu desenvolvimento cerebral e contribuir para modular as emoções, o pensamento, a aprendizagem e o comportamento ao longo de to da a sua vida.

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os braços e as pernas. É natural que, durante este período, comece a rir-se sistematicamente para o pai e para a mãe. Contudo, é natural que não reaja da mesma maneira com estranhos, embora possa responder positivamente ao “cu-cu”, “té-té”. Nesta idade os bebés descobrem que conseguem vocalizar, ou seja, emitir sons. Alguns, por volta dos 2 meses, começam por a repetir sons de vogais (“ah-ah” ou “oh-oh”). O seu bebé pode “falar” consigo de várias maneiras: emitindo uma variedade enorme de sons, tomando a iniciativa de se rir para si e esperar pela sua resposta ou, simplesmente, respondendo com um sorriso às suas palavras. Os braços e as pernas mexem-se rapidamente e as mãos começam a abrir-se. Se se colocar perto dele, em frente ao seu rosto e se estiver bem atento(a), poderá até constatar que o seu bebé tenta imitar as suas expressões faciais (ex: abrir a boca, mexer a língua, abrir muito os olhos, etc.).


O que é que eu devo fazer ?

O seu bebé adora ouvir a sua voz, por isso, durante estes 1ºs meses, fale com ele, cante, emite os sons que ele vai fazendo e responda entusiasticamente aos seus sorrisos. Vá dizendo ao seu bebé para onde é que ele está a olhar, o que ele ou você estão a fazer.


Nomeie objectos familiares à medida que lhes vai tocando ou que os vai trazendo para perto dele (ex.: “ É a mão” , à medida que lhe toca na mão…; “É o biberão”, sempre que lhe for dar a água ou o leite…”). Apesar de ser um bebé ainda muito pequenino, isto irá ajudar a desenvolver o seu cérebro, ainda em crescimento. Ao ouvi-la(o) falar, o bebé começa a aprender a importância da linguagem, mesmo antes de compreender ou ser capaz de repetir quaisquer palavras.


Tire partido da “linguagem” do bebé para “conversar” com ele. Se ouvir algum som que o seu bebé tenha emitido, repita exactamente aquilo que ele fez e espere que ele “responda” com outro som qualquer. Deste modo, estará a dar-lhe valiosas lições acerca do tom, ritmo e de como esperar ou tomar a sua vez ao conversar com alguém. Estará também a transmitir ao seu bebé que ele é importante, na medida em que merece a sua atenção.


Não interrompa ou desvie o olhar enquanto o seu bebé está a “conversar” – mostre-lhe que está interessado e que ele pode confiar em si.

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Os bebés nesta idade parecem responder melhor à voz feminina, a qual está historicamente associada a conforto e comida. É por isso que muitas pessoas elevam e exageram o tom de voz quando falam para os bebés. Isto está correcto mas poderá também misturar palavras e tom de voz dos adultos. Embora pareça cedo, na realidade está já a preparar o caminho e a criar condições para as futuras 1ªs palavras.


Por vezes, os bebés têm momentos em que não lhes apetece “falar” ou vocalizar – até eles precisam do seu espaço!


Se o seu bebé se virar, fechar os olhos ou ficar irritado, não continue a insistir; deixe-o estar, ou aconchegue-o apenas no seu colo. Poderá apenas precisar de fazer um “intervalo” de toda a estimulação que recebe do mundo à sua volta. Poderá acontecer que o seu bebé continue a chorar, mesmo depois de lhe ter satisfeito as suas necessidades. Não desespere! É provável que possa ter sido demasiado estimulado, que esteja com cólicas intestinais, ou simplesmente precise de

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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Desigualde persiste nas juntas médicas

Desigualde persiste nas juntas médicas leonel de castro Decisões passarão integralmente para as mãos dos médicos Helena Norte Um trabalhador residente no estrangeiro que solicite junta médica com vista à aposentação não terá de pagar as despesas com o médico oficioso que o representará caso prove insuficiência económica. Essa possibilidade não está, porém, contemplada para quem resida em Portugal, mesmo que manifestamente não tenha recursos para pagar o clínico que o acompanhará na junta. Esta é apenas uma das discriminações contidas no projecto de lei que altera a composição das juntas médicas, na opinião da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública. A alteração legislativa visa a uniformização de procedimentos das juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações (CGA) e da Direcção-Geral de Protecção Social dos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE) e das comissões de verificação de incapacidades no âmbito da Segurança Social. Surge na sequência da divulgação de casos de trabalhadores, portadores de doenças terminais, que foram obrigados a manter-se em serviço pelas juntas médicas. A constituição exclusiva das juntas por médicos e a possibilidade de o doente indicar um médico para a junta de recurso são as principais mudanças introduzidas. Embora o objectivo seja a uniformização de procedimentos, o projecto de decreto-lei - que está, neste momento, em discussão pelas estruturas sindicais - contempla diferenças de tratamento que põem em causa a igualdade de acesso às juntas de recurso, na opinião de Manuel Ramos, dirigente da Federação de Sindicatos da Função Pública e da Frente Comum. O caso dos requerentes que morem no estrangeiro, isentos de pagamento do médico oficioso, só se aplica às juntas de recurso da Segurança Social. No caso das juntas da CGA, essa possibilidade não está contemplada. Tal como não está prevista para os trabalhadores que morem em Portugal e que são a esmagadora maioria. "Por que é que um carente económico que more no estrangeiro é tratado de forma diferente de um carente económico que resida em Portugal?", questiona o dirigente sindical que elaborou o contributo da Federação da Função Pública para a posição conjunta que a Frente Comum vai entregar ao Governo Outro factor que condicionará o acesso às juntas de recurso é a obrigatoriedade de pagamento dos custos do processo pelo trabalhadores, caso o pedido de reforma seja recusado. Além disso, compete ao trabalhador pagar ao médico que o representará, independentemente de ser por si escolhido ou designado pela respectiva administração regional de saúde. Outra desigualdade é as juntas de revisão só realizarem, na CGA, com a autorização por parte do Conselho Directivo da CGA, enquanto na Segurança Social tal não é preciso.

EXTRATOS DO LIVRO «Gritos contra a indiferença de Fernando Nobre»

Antes de abordar as questões bioéticas concretas com que se confrontam as organizações humanitárias, importa reafirmar, quanto a mim, que: a) compete ao médico, antes de tudo, proteger os que são mais vulneráveis; b) é essencial o respeito pelo direito humanitário internacional e pelos Direitos do Homem c) o direito à saúde é uma exigência fundamental se se quiser atingir o desenvolvimento. Assim, podemos afirmar que a bioética está certamente relacionada com a luta contra a pobreza e a vulnerabilidade, assim como ligada ao valor da vida. Hoje, as grandes questões bioéticas para nós, «humanitários», são, indiscutivelmente: 1- A questão da acessibilidade dos medicamentos (…) 2- A questão da ausência de pesquisa no que diz respeito às doenças esquecidas ou às doenças ditas órfãs. (…) 3- A questão dos ensaios clínicos. As experiências realizadas por certas multinacionais farmacêuticas (…) 4- O intolerável que é saber que diariamente morrem cerca de 40 mil crianças de doenças perfeitamente evitáveis (…) 5- A importância de lutar pelas acessibilidades para que um quinto da população mundial que vive com menos de um dólar por dia possa ter acesso às estruturas de saúde, aos alimentos e à água. 6- A importância da questão do tráfego do sangue e dos órgãos sobre o qual nos teremos de manter particularmente atentos. 7- A questão da vontade de apropriação , por algumas multinacionais, do mapa do genoma humano, assim como a questão dos organismos geneticamente modificados (…) 8- A questão da utilização do urânio empobrecido em armas (…) Para concluir, diria que é fundamental que regressemos ao legado da medicina hipocrática, na qual o doente estava no cerne das preocupações do médico. É fundamental também que se respeitem os princípios éticos da pesquisa médica e dos ensaios clínicos para todos. Efectivamente, como está escrito nos princípios de base da Declaração de Helsínquia, o bem individual da pessoa deve prevalecer, em qualquer ensaio clínico, sobre os interesses da ciência ou da sociedade. Em suma, é fundamental, estejamos nós no hospital ou numa instituição médico-humanitária, que não nos esqueçamos de que a razão de ser do médico é o desejo de atenuar o sofrimento e de lutar pelo doente. É isso que os humanitários fazem e continuarão a fazer e é por isso que pugnarão, como têm pugnado, pela defesa dos princípios éticos e bioéticos sem os quais a medicina não eficaz. É fundamental, pois, que possamos reafirmar os princípios da dignidade humana, da liberdade, da igualdade de direitos e da solidariedade entre os indivíduos e as nações que são o pilar da comunidade internacional. Nesse sentido, nós, os médicos, temos ou deveríamos ter um lugar ímpar na luta pela dignidade do Homem. É isso que temos de fazer e mesmo, se necessário for, manifestar toda a nossa revolta e todo o nosso repúdio por comportamentos menos claros e pouco éticos quando com eles formos confrontados. Temos de os denunciar para fazer que as tragédias futuras possam ser minoradas, ou mesmo evitadas. (…)

madalena

Madalena http://escritoresbr.wordpress.com/ Descai o sol nos olivais do monte. Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Um rouxinol suspira num loureiro. - É nessa hora do ocaso, meiga e terna, Em que o sol busca o mar como um boieiro que vem beber à boca da cisterna. Passam Jesus e os seus. - Sião, Ramá as nostálgicas filhas de David dizem, na sombra, baixo: «Quem será este suave e místico Rabi?» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Da Galileia ao Monte de Carmelo, as judias, da sombra no mistério, dizem, baixo: «Que príncipe tão belo parece ser este Rabi tão sério!» - Ele é mais louro do que um Sol levante, mais meigo e casto que a mansa ave! Ele é mais belo que um rei distante! - «Quem será pois este Rabi suave?» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Madalena em Betânia, desatando seu cabelo, qual fúlgido lençol, limpa os pés do Rabi, humilde, olhando seus olhos cheios de domínio e Sol. Lança-lhe aos pés um bálsamo correndo, que Judas diz: do desperdício o cúmulo. - Mas o Rabi suave vai dizendo: - «Triste mulher! Ungiu-me para o túmulo!» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras~ vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. O lavrador, na tarde sossegada, dos mistérios sismando sobre a origem, vai andando e dizendo, sob a enxada: - «Quem será o Rabi pálido e virgem?» O pescador trigueiro das baías, deitando a rede diz olhando o rio: - «Quando virá o lúcido Messias? - Quem é este Rabi louro e sombrio?» O discípulo e apóstolo, cavado dos jejuns, a sismar sobre a doutrina, vai andando e dizendo: - «o Céu calado pode criar a encarnação divina?…» Pode o verbo ser carne? O Todo e o tudo tornar-se a Parte? um ramo de David! Ó Céu largo, ó Céu triste, belo e mudo! Quem é pois, quem é pois, nosso Rabi?» - Mas Madalena, num amargo choro, limpa os pés do Rabi, cheia d’amor, com seus longos cabelos feitos de ouro, e, baixinho, soluça: - «É meu senhor!» O Sol morreu nos olivais do Monte. Rompe o virgem luar. - Às largas eiras vão-se indo as filhas de Jacob, da fonte, com seu rítmico andar entre as palmeiras.

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