quinta-feira, 2 de agosto de 2007

madalena

Madalena http://escritoresbr.wordpress.com/ Descai o sol nos olivais do monte. Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Um rouxinol suspira num loureiro. - É nessa hora do ocaso, meiga e terna, Em que o sol busca o mar como um boieiro que vem beber à boca da cisterna. Passam Jesus e os seus. - Sião, Ramá as nostálgicas filhas de David dizem, na sombra, baixo: «Quem será este suave e místico Rabi?» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Da Galileia ao Monte de Carmelo, as judias, da sombra no mistério, dizem, baixo: «Que príncipe tão belo parece ser este Rabi tão sério!» - Ele é mais louro do que um Sol levante, mais meigo e casto que a mansa ave! Ele é mais belo que um rei distante! - «Quem será pois este Rabi suave?» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. Madalena em Betânia, desatando seu cabelo, qual fúlgido lençol, limpa os pés do Rabi, humilde, olhando seus olhos cheios de domínio e Sol. Lança-lhe aos pés um bálsamo correndo, que Judas diz: do desperdício o cúmulo. - Mas o Rabi suave vai dizendo: - «Triste mulher! Ungiu-me para o túmulo!» Mas o sol cai nos olivais do monte Colhe o gado o pastor. - Das largas eiras~ vêm vindo as filhas de Jacob à fonte com seu rítmico andar, entre palmeiras. O lavrador, na tarde sossegada, dos mistérios sismando sobre a origem, vai andando e dizendo, sob a enxada: - «Quem será o Rabi pálido e virgem?» O pescador trigueiro das baías, deitando a rede diz olhando o rio: - «Quando virá o lúcido Messias? - Quem é este Rabi louro e sombrio?» O discípulo e apóstolo, cavado dos jejuns, a sismar sobre a doutrina, vai andando e dizendo: - «o Céu calado pode criar a encarnação divina?…» Pode o verbo ser carne? O Todo e o tudo tornar-se a Parte? um ramo de David! Ó Céu largo, ó Céu triste, belo e mudo! Quem é pois, quem é pois, nosso Rabi?» - Mas Madalena, num amargo choro, limpa os pés do Rabi, cheia d’amor, com seus longos cabelos feitos de ouro, e, baixinho, soluça: - «É meu senhor!» O Sol morreu nos olivais do Monte. Rompe o virgem luar. - Às largas eiras vão-se indo as filhas de Jacob, da fonte, com seu rítmico andar entre as palmeiras.

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