sábado, 3 de maio de 2008

O PADRE PATAGÓNIA

Não sei donde veio este apelido ao Pª José Simões Dias , de Coja,mas a verdade é que assim ficou na tradição coimbrã. Era arcediago de Seia. Em Coja era um abastado proprietário, e na sua casa, sobranceira ao rio, mandou fazer em 1887 uma capela, por sinal com um interessante púlpito de madeira entalhada, obra de José Gonçalve Abreu, o mesmo que fez os retábulos da igreja matriz de Coja. De vez em quando o Pª José Simões Diasera convidado para pregar algum sermão de promessas e não aceitava dinheiro aos seus conterrâneos, mas, como precisava de estrume para as suas propriedades, às vezes dizia: Olhe,leve-me lá um carro de mato. Chegou aos ouvidos do Prelado que tal padre pregava sermões por um carro de estrume... Chamado a capítulo, respondeu sorridente: olhe, sr Bispo-Conde, se V.Exª o ouvisse , nem tanto dava por ele. A sua empregada tinha dois grilos numa gaiola, e um dia achou a gaiola vazia. Sr Pª José, a gaiola tem a porta fechada, mas os grilos não estão lá! Se calhar, comeram-se um ao outro... Resposta dele: Ai comeriam, comeriam... Na sua residencia de Coimbra leccionava para o Liceu. Numa tarde, um um tanto fatigado, passou um trabalho aos alunos, e adormeceu na cadeira. Os marotos, em vez de estudarem, foram para o corredore formando uma rosa dançavam cantando, em tom de ladaínha: «viva o f'riado, ora pro nobis...» O mestre acordou, foi meter-se na roda e cantava no mesmo tom: «E no fim do ano, miserere nobis...» A. Nunes Pereira Correio de Coimbra, 16-3-2000

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