domingo, 27 de dezembro de 2015

TRAGO UM FILHO AO COLO HÁ MAIS DE 40 ANOS

 

Para participar no Congresso de Anciania, em Setúbal, em 5 de

Novembro de 2015, Águeda reuniu um grupo de Anciãos que são mães/

pais de uma pessoa portadora de deficiência.

A D.Aurora, de 80 anos, falecida em Agosto de 2015 após participar na

1ª tertúlia de preparação do Congresso, deu o título à nossa

comunicação


No dia 30 de Junho de 2015 reunimo-nos, no posto médico da Borralha, para
a primeira tertúlia para preparar a nossa intervenção no Congresso da
Anciania que o ICE – Instituto das Comunidades Educativas iria promover
em 5 de Novembro, em Setúbal. Fizemos uma 2ª tertúlia em Outubro 2015 (a
fotografia é da 2ª tertúlia).
A D.Emília é mãe do Manuel.
Acamado, recebe 200€ de reforma e
mais 90 de subsídeo de dependência. A
D. Emilia não teve carreira contributiva:
nunca esteve empregada, uma vez que
teve sempre que apoiar o Manuel,
tetraparésico desde a infancia. As duas
pensões juntas , da D. Emilía e do
Manuel, somam cerca de 450 .
Vão vivendo, mas a dependencia do
Manuel tem aumentado com a idade, e
D.Emilia está cada vez mais débil... mas
para já não pede ajuda (paga) da equipa
de apoio domiciliário, pois ela “ainda
pode”.
Direito à subsistência/Direito aos cuidados
… e o cuidador tem direito a ser ele próprio frágil e necessitar
de cuidados
O Sr. Manuel ,de 82 anos,é pai da Isilda :esta tem
46 anos e trabalha há quase 20 na fábrica do
primo.
Cerca dos 20 anos, a Isilda foi a uma junta
médica. Atribuiram-lhe 40% de incapacidade, por
atraso mental. Nessa altura o primo garantiu que
não a mandava embora da empresa. Tem mantido
a palavra até hoje, o que é bom para a Isilda
porque “anda entretida” e recebe o ordenado
mínimo.
Mas a situação não é fácil. As colegas tratam-na
mal e provocam-na. Quando o sr. Manuel
trabalhava na mesma fábrica, protegia a Isilda e
recomendava-lhe que não respondesse às
provocações... mas desde que se reformou a Isilda
já não tem esta protecção, ao ser provocada
enerva-se e acaba por se envolver em discussões o
que cria péssimo ambiente na fábrica. Neste
momento s Isilda encontra-se de baixa e tomando
medicamentos antidepressivos.
DIREITO AO TRABALHO E À PROTECÇÃO NO EMPREGO. DIREITO AO
RESPEITO E À SOLIDARIEDADE. DIREITO AO ORDENADO E À REFORMA.

A D. Dolores fala da incompreensão e
maldade das pessoas. Há dias,
chamaram a Isabel e outra rapariga
para participarem na limpeza da igreja,
supervisionadas por um outro
elemento. Apareceram por lá outras 2
ou 3 pessoas, que comentaram para
quem as quisesse ouvir: “então também
mandam para cá esta deficiente?”
Quando a Isabel lhe contou, a D
Dolores ficou tão triste que não saiu de
casa durante 3 dias...e não voltou a
deixar a Isabel ir limpar a Igreja.
Direito ao respeito, á solidariedade e às oportunidades
Direito a ser um cidadão útil e reconhecido



• Sr. Eugénio, de 82 anos, é pai da Ana Maria, de 61 anos. Embora a irmã da Ana
Maria seja agora, legalmente, sua tutora, o Sr Eugénio sente-se ainda muito
preocupado.
• Ao contrário dos outros pais, que já puderam contar com alguns apoios,
nomeadamente para terem os seus filhos a frequentar a escola e outros espaços que
promoveram a sua integração social, os pais da Ana Maria , tendo que lidar com a
situação da deficiência numa época mais recuada (uma vez que esta nasceu há 61
anos) não puderam contar com nenhum tipo de resposta ou apoio. Assim, logo que
se percebeu que não tinha capacidade para acompanhar o programa escolar, a Ana
ficou confinada (até hoje) à casa dos pais.
• Provavelmente a irmã não terá a mesma tolerância para alguns comportamentos
dela... O Sr. Eugénio já tem 82 anos e a esposa passa dos 70 e a saúde é mais débil;
já precisavam de que cuidasse deles.
Direito à compreensão, ao carinho… ao futuro. Direito à autonomia e à
protecção. …E os pais têm direito ao descanso, aos cuidados…



A D. Rosa já tem falado do futuro
com a filha, Fatinha. A Fatinha é
sócia da Associação Spina Bifida e
Hidrocefalia de Portugal. Esta
associação estava a pensar criar
uma residência para os seus
sócios, mas, devido às
dificuldades que o país atravessa,
esse desejo está em stand by... é
claro que não pretendem separarse
enquanto for possível estarem
juntas, mas gostariam de ter algo
em vista para um futuro. O pai da
Fatinha já tem 81 anos e a D. Rosa
72. Quantos anos ainda poderão
cuidar da Fatinha?
Direito a apoio à autonomia. Direito a
acolhimento numa residência apropriada
quando necessário. Direito ao futuro.

 
QUEREMOS:
VISIBILIDADE
SUSTENTABILIDADE
APOIO JURÍDICO
RESPEITO
AFECTO
TRABALHO
FUTURO
-->







-->

Sem comentários:

Etiquetas